domingo, 1 de maio de 2011

Memórias de João Paulo II

Devoção a Santa Faustina pode ser a chave da data de beatificação de João Paulo II

Há quem se limite a passear o cão, também há os excursionistas que se antecipam à data e as televisões ansiosas por sentir o pulso ao local. No Santuário de Lagiewniki, que anualmente recebe dois milhões de peregrinos, já se sente o bulício da beatificação de João Paulo II.

A cerimónia ocorrerá a mais de dois mil quilómetros, em Roma, mas há quem acredite que tudo comece e acabe em Lagiewniki. Przemyslaw Bednarz, por exemplo: «Tenho a certeza de que houve alguém no Vaticano a interpretar a mais profunda vontade de João Paulo II.»

Entre entrevistas e assinaturas de documentos urgentes, o porta-voz do santuário explica: «Foi o próprio Santo Padre durante o seu pontificado quem decretou que o domingo a seguir à Páscoa seria dedicado à Divina Misericórdia, e esse é precisamente o dia em que João Paulo II será beatificado.»

«Eu não acredito que seja uma coincidência», acrescenta Przemyslaw Bednarz. A tese não é totalmente descabida. A história de Faustina Kowalska - ou Santa Faustina desde Abril de 2000 - cruza-se com as memórias menos recentes de Karol Wojtyla.

«Assim que de Wadowice se mudou para Cracóvia, com 18 anos, João Paulo II veio trabalhar para uma fábrica de químicos belga aqui em Lagiewniki», recua Przemyslaw. «Chamava-se Solvay e funcionava mesmo aqui ao lado. Como jovem sacerdote, ouviu falar nos milagres da Irmã Faustina e neste culto da Misericórdia Divina.»

A caminho e à saída da fábrica, as visitas ao convento repetiram-se. A causa? A compaixão para com aqueles que nos estão mais próximos, independentemente da sua condição, a a mensagem que Faustina Kowalska dizia ter recebido de Jesus Cristo nas suas várias aparições no convento de Lagiewniki.

Considerado marginal, o culto acabaria por ser proscrito pelo Vaticano em 1959, a pedido dos bispos polacos.

Contudo, seis anos depois, Karel Wojtyla, já arcebispo de Cracóvia, ordena ordena um exame rápido aos tais milagres apregoados pela Irmã Faustina e, à época, tão desacreditados no Vaticano.

Foi tudo quase tão rápido como os seis anos que decorreram entre a morte de Karol Wojtyla e a beatificação de domingo. Em 1978, João Paulo I reabilita o culto de contornos místicos. Ato contínuo, João Paulo II converte-se no patrono da Misericórdia Divina e apregoa a sua devoção pela sua compatriota Irmã Faustina.

Por ordem do papa João Paulo II, a beatificação de Faustina Kowalska ocorreria a 18 de Abril de 1993. Sete anos mais tarde, a 30 de Abril de 2000, converter-se-ia na primeira santa do novo milénio.

«Em 2002, João Paulo II veio de propósito a Lagiewniki para benzer o santuário e divulgar ao mundo a importância da devoção à Misericórdia Divina», reforça o porta-voz do santuário, que no próximo domingo espera receber 120 mil fiéis. Estima-se que seja a maior concentração na Polónia, ecrãs gigantes foram colocados para assistirem à beatificação.

Antes haverá uma vigília especial que será transmitida para cinco santuários em todo o mundo», explica Przemyslaw Bednarz. Na mente de muitos devotos estará o princípio da reciprocidade. Ou da cumplicidade tão apregoada pela Misericórdia Divina. Esta convicção de que Santa Faustina fará por João Paulo II o que o papa se esforçou pelo reconhecimento de Irmã Faustina Kowalska.

Religiosa francesa curada por milagre de João Paulo II sem medicação há seis anos

A religiosa francesa Marie Simon-Pierre, que o Vaticano acredita ter sido curada da doença de Parkinson por intercessão de João Paulo II, disse hoje que não toma qualquer medicação «há seis anos».

A irmã apresenta esta noite o seu testemunho na vigília de oração que prepara a beatificação do Papa polaco, marcada para domingo, numa intervenção previamente gravada e antecipadamente divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.

«Há seis anos que não tomo medicamentos e depois da minha cura voltei a encontrar um ritmo normal», diz a freira das Irmãzinhas das Maternidades Católicas.

Afetada pela doença desde 2001, então com 40 anos, Marie Simon-Pierre explica que deixou de sentir sintomas «na noite de 2 para 3 de Junho de 2005», depois de uma novena de oração a João Paulo II, pedindo «um milagre».

Uma cura mantida em segredo com a superiora da casa religiosa durante quatro dias, até que a 7 de junho a consulta de rotina no neurologista se transformou na constatação do «desaparecimento total dos sinais clínicos» do Parkinson.

«É como um segundo nascimento, uma segunda vida», acrescenta a religiosa francesa, para quem esta cura é também «uma bênção para a Igreja e para o mundo».

«É com grande emoção que aceitei dar o meu testemunho. Fiquei profundamente tocada pelo facto de ter podido beneficiar desta graça da cura e por saber que ela contribuiu para a beatificação de João Paulo II», acrescenta.

Para a beatificação exige-se o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do fiel em causa, sendo necessário que a cura tenha acontecido de forma espontânea, completa, duradoura e inexplicável à luz da ciência actual.

Bento XVI aprovou a 14 de Janeiro a publicação do decreto que comprova o milagre atribuído à intercessão de João Paulo II (1920-2005), concluindo assim o processo para a sua beatificação

Beatificação de João Paulo II decorre neste domingo com três dias de cerimónias

O papa João Paulo II vai ser beatificado neste domingo, mas as cerimónias prolongam-se por três dias e contam com uma ligação directa a Fátima, que Karol Wojtyla visitou três vezes.

A beatificação terá várias etapas, dentro e fora do Vaticano, e culmina com o rito presidido por Bento XVI, a 1 de maio. O actual papa preside, por norma, às cerimónias de canonização (proclamação de um novo santo) e esta será apenas a segunda beatificação que celebra.

O corpo de João Paulo II vai ser trasladado a 29 de Abril para junto do túmulo de São Pedro (séc. I), considerado o primeiro papa da Igreja Católica, nas grutas do Vaticano, passando para o altar da confissão, dentro da basílica, onde vai ser exposto aos fiéis, depois da conclusão do rito de beatificação.

O programa completo das celebrações ligadas à beatificação inicia-se a 30 de Abril com uma vigília ao ar livre, no Circo Máximo de Roma, momento em que haverá uma ligação em directo a cinco locais de culto dedicados à Virgem Maria, em todo o mundo, incluindo o santuário de Fátima.

A missa da beatificação decorre na praça de São Pedro, a partir das 10:00 (menos uma hora em Lisboa), podendo os fiéis entrar, livremente, a partir das 05:00.

O anúncio do nome de João Paulo II como novo beato vai acontecer pouco depois do início da missa, numa cerimónia que inclui a apresentação do pedido formal de beatificação pelo cardeal Agostino Vallini, vigário-geral do Papa para a diocese de Roma. Segue-se a leitura da biografia de João Paulo II e a fórmula recitada por Bento XVI, na qual se faz o anúncio da data da festa litúrgica, concluindo-se com o descerramento do retrato do novo beato e colocação das relíquias junto ao altar.

O Vaticano escolheu o dia 22 de Outubro para a celebração da memória litúrgica do futuro beato, data da missa de início do pontificado do Papa polaco, e vai permitir que, no primeiro ano após a beatificação, seja possível celebrar uma «missa de agradecimento a Deus» em locais e dias «significativos», por decisão de cada bispo diocesano.

Na segunda-feira, 2 de maio, na Praça de São Pedro, às 10:30, será celebrada uma eucaristia em honra do novo beato presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.

A sepultura dos restos mortais de João Paulo II no andar principal da basílica vai ser feita de forma privada, no mesmo dia 2, na capela de São Sebastião, localizada na nave da basílica do Vaticano, junto da famosa 'Pietà' de Miguel Ângelo.

João Paulo II morreu a 02 de Abril de 2005 com 84 anos. Durante as cerimónias fúnebres, muitos fiéis na Praça São Pedro gritaram: «Santo subito!» (Santo já!).

Normalmente, o Vaticano respeita um período de cinco anos após a morte para iniciar o processo de beatificação. No entanto o caso do papa foi mais rápido devido à «reputação de santo atribuída ao papa João Paulo II em vida, na morte e após a morte», segundo explicou a Santa Sé em comunicado.

A beatificação foi anunciada a 14 de Janeiro, depois da publicação do decreto que comprovava um milagre atribuído à intercessão de João Paulo II, Karol Wojtyla (1920-2005). Trata-se da cura da religiosa francesa Marie Simon-Pierre, que sofria de Parkinson, tal como João Paulo II.

Uma vez beatificado, e para que o papa polaco se torne santo, será preciso que um segundo milagre lhe seja atribuído.


Lusa/ SOL

Canonização de João Paulo II precisa de novo milagre a partir de domingo

A beatificação de João Paulo II, no próximo domingo, é o penúltimo passo no processo para o reconhecimento de um católico como santo, mas para a canonização exige-se a confirmação de um novo milagre.

As regras da Igreja são claras a este respeito e o Vaticano tem sublinhado que, não obstante a dispensa do período de espera de cinco anos após a morte, para se iniciar o processo de canonização, o de João Paulo II seguiu «integralmente» as disposições do direito canónico.

O reconhecimento como milagre da cura de uma religiosa francesa, Marie Simon-Pierre, afectada pela doença de Parkinson, concluiu um processo de beatificação rápido, assim desejado pela Santa Sé «por causa da imponente fama de santidade, gozada por João Paulo II em vida, na morte e após a morte».

Um processo rápido, mas não tanto como o pedido por alguns fiéis, que empunhavam cartazes e lançavam gritos de "Santo Súbito" (Santo já) no funeral do papa polaco, em 8 de Abril de 2005.

Compete agora aos responsáveis pelo processo de canonização encontrar outra cura que possa ser considerada inexplicável, à luz da ciência actual, completa e duradoura.

As canonizações populares já não são possíveis na Igreja Católica e tornaram-se exclusividade dos papas por decisão de Gregório IX em 1234.

No decorrer do século XVI começou-se a distinguir entre «beatificação», isto é, o reconhecimento da santidade de uma pessoa com culto em âmbito local e «canonização», o reconhecimento da santidade com a prática do culto universal, para toda a Igreja Católica.

Para quaisquer destas fases, os acontecimentos extraordinários atribuídos à intercessão de João Paulo II, ainda em vida, não têm validade.

Num site criado pela diocese de Roma (www.karol-wojtyla.org), estão recolhidos, por outro lado, testemunhos de curas milagrosas atribuídas à intercessão de Wojtyla depois de sua morte.

Centenas de pessoas apresentam testemunhos sobre a forma como João Paulo II terá mudado ou mesmo salvo a sua vida.

Os trâmites processuais para o reconhecimento do milagre acontecem segundo as normas estabelecidas em 1983.

Numa primeira fase são reunidos tanto os depoimentos das testemunhas oculares, interrogadas por um tribunal devidamente constituído para esse efeito, como a completa documentação clínica e instrumental inerente ao caso.

Num segundo momento, a Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, examina os actos processuais recebidos e as eventuais documentações suplementares, pronunciando o seu juízo.

Em caso positivo, o decreto conclui o percurso para a constatação de um milagre: é um ato jurídico da referida Congregação, aprovado pelo Papa, com o qual um facto prodigioso é definido como verdadeiro.

Esta análise envolve uma equipa de várias dezenas de médicos, alguns dos quais não são católicos, teólogos e outros consultores da Santa Sé.

O caso da cura da freira francesa Marie Simon-Pierre, que abriu caminho definitivo à beatificação de João Paulo II, foi estudado entre 2005 e Janeiro deste ano.

Lusa/SOL

200 mil pessoas na beatificação de João Paulo II

Cerca de 200 mil pessoas, segundo estimativas das autoridades italianas, estão reunidas hoje no Circo Máximo de Roma, para uma vigília de oração que prepara a beatificação do papa João Paulo II.



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