Assim como cada povo tem a sua própria história, a Bíblia também tem, e eis que nela encontramos dois grandes protagonistas, Deus e o povo de Israel.
Deus que se manifesta e escolhe ao povo esse povo como propriedade e quer mostrar-lhes seu projeto de vida.
Nesta interação entre Deus e o povo de Israel vão nascendo os livros que conformam o que hoje conhecemos como a Bíblia, uma coleção de livros que tem uma história que contar.
Antigo Testamento
O Antigo Testamento compreende os primeiros quarenta e seis livros da Bíblia cristã.
Estes livros são as Sagradas Escrituras não só do povo judaico e sua religião, o judaísmo, mas também do cristianismo. Na sua grande maioria foram escritos originalmente em hebraico e aramaico, as antigas línguas dos judeus. Muitos desses livros são tão antigos que pouco sabemos de suas origens. Os escribas judeus contumavam, de tempos em tempos, fazer novas cópias de suas escrituras sagradas. Mas os documentos não duravam muito no clima dos países bíblicos e, consequentemente, é raro encontrarmos cópias muito antigas da Bíblia.
Os manuscritos hebraicos mais antigos que se conheciam, datavam do século IX e X d.C, e eram cópias dos primeiros cinco livros da Bíblia, isto é, do Pentateuco.
Em 1947, ocorreu a grande descoberta dos manuscritos do mar Morto, provenientes da biblioteca de um grupo religioso judaico que floresceu em Qumrã, junto ao mar Morto, mais ou menos no tempo de Jesus. Estes documentos são, portanto, cerca de mil anos mais antigos que os manuscritos antes conhecidos do século IX -X d.C., e contém cópias de todos os livros do Antigo Testamento hebraico, exceto o livro de Ester.
Os manuscritos do mar Morto são muito importantes porque contêm essencialmente o mesmo texto dos manuscritos dos séculos IX-X d.C. Isso mostra que o texto do Antigo Testamento mudou pouquíssimo no decorrer de mil anos. Os copistas fizeram bem poucos erros e alterações.
Naturalmente em algumas poucas passagens usam palavras e expressões diferentes e às vezes não é mais possível saber exatamente o que as palavras hebraicas queriam significar. Mas, de qualquer modo, podemos confiar que o Antigo Testamento, tal como o temos hoje, é substancialmente idêntico ao que foi escrito pelos seus autores há muitos séculos.
Como se formou o Antigo Testamento?
Não é possível saber com certeza como o Antigo Testamento veio a constituir a coleção de livros que hoje conhecemos. Mas sabemos que livros incluía, pouco antes do nascimento de Jesus, e os livros que Jesus e os apóstolos consideravam como sua Bíblia.
Os Judeus distribuíam seus livros sagrados em três grupos:
Lei, que compreendia os primeiros cinco livros do Antigo Testamento.
Os Profetas, que continham não só as mensagens de homens tais como Amós, Jeremias, Isaías e outros, mas também os livros históricos isto é Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel etc. Foram incluídos nesta seção porque não apresentam só os fatos mas também o sentido da história como Deus a vê.
Os Escritos, compreendiam os livros sapienciais como Provérbios, Eclesiastes, Jó, e alguns livros históricos escritos em época posterior, como Esdras, Neemias e Crônicas, além de um livro profético, Daniel.
Os judeus faziam certa distinção entre os trinta e nove livros contidos entre os trinta e nove livros contidos no Antigo Testamento hebraico e os chamados deuterocanônicos, acrescentados nas versões gregas e aceitos pela Igreja Católica em 1546 no Concílio de Trento. Trata-se de sete volumes escritos em grego (alguns talvez foram originalmente compostos em hebraico, como indicam fragmentos encontrados): Tobias, Judite, 1°e 2° dos Macabeus, Sabedoria, Sirácida (ou Eclesiástico) e Baruc. Embora sejam chamados "deuterocanônicos" para Igreja Católica estes livros, como os demais, são inspirados e consequentemente palavra de Deus.
Outras versões antigas do Antigo Testamento
O Texto do Antigo Testamento também chego até nós em outras versões antigas. Algumas delas confirmam, por sua vez, a exatidão do texto hebraico hoje em uso.
Uma das traduções mais importantes do Antigo Testamento é a tradução chamada Setenta ou Septuaginta. Foi a primeira tradução Grega do Antigo Testamento e teve como objetivo ajudar os judeus dispersos na Diáspora (as comunidades que viviam em terras pagãs) cada vez menos familiarizadas com a língua hebraica.
A tradução foi feita por 72 sábios vindos de Jerusalém que em 72 dias fizeram a tradução. A versão resultante foi depois chamada (o número simbólico da perfeição) de tradução dos Setenta, aludindo de modo simplificado a 70 tradutores. Esta tradução foi feita entre os séculos III e II a.C. tem grande importância porque através dela se pode remontar ao original hebraico usado pelos setenta. Esta versão contém os sete livros chamados Deuterocanônicos. Os cristãos dos primeiros séculos usaram este texto como sua Bíblia.
ESTRUTURA DOS TEXTOS BÍBLICOS DO ANTIGO TESTAMENTO
Lei
Livros Históricos
Livros Sapienciais
Livros Proféticos
NOVO TESTAMENTO
Como se escreveu?
O Novo testamento foi originalmente escrito em Grego. Antes da invenção da imprensa no Ocidente, no século XV, todos os escritos tinham que ser copiados a mão para serem difundidos. Esta operação geralmente era feita por um grupo de amanuenses, cada um dos quais fazia uma cópia enquanto o escriba-chefe ditava o texto. Se um amanuense não ouvia bem ou se estava distraído podia cometer erros. Mas também o copista individual, que copiava de um manuscrito original às vezes lia mal ou acidentalmente introduzia erros.
Muito poucas pessoas individuais podiam dar-se o luxo de possuir um manuscrito. Os manuscritos eram dispendiosos. Por isso as igrejas cristãs geralmente possuíam alguns para uso de todo seus membros. Inicialmente os livros do Novo testamento devem Ter sido escritos em rolos de papiro, de couro ou pergaminho. Mas a partir do século II aproximadamente, os cristãos começaram a adotar a forma de livro que usamos hoje (o Codex) e que é muito mais fácil de manusear que o rolo.
Como se formou o Novo Testamento?
Existem poucos testemunhos direitos dos primeiros anos, mas sabemos bem como o novo testamento veio assumir a sua forma atual. As primeiras assembléias cristãs provavelmente seguiam a prática das sinagogas judaicas e liam regularmente trechos do Antigo Testamento. Como adoravam Jesus Cristo, era natural que acrescentassem a narração de alguma parte da sua vida e dos seus ensinamentos.
No começo, com toda a probabilidade, isso era feito sob a forma de narração de primeira mão de alguém que tinha conhecido pessoalmente a Jesus. Depois, quando as comunidades começaram a multiplicar-se, e à medida que iam morrendo as testemunhas oculares, tornou-se necessário escrever estas histórias que são conhecidas como os Evangelhos.
Além disso, os apóstolos e outros líderes tinham no escrito certo número de cartas a várias comunidades e indivíduos. Como estas continuamente continham orientações gerais sobre a vida e a fé cristã, não tardou a ser reconhecida a sua utilidade para toda a igreja. O livro dos Atos dos Apóstolos foi aceito, porque continuava a história do evangelho de Lucas e continha a única narração completa do início do cristianismo.
Se sabe que entorno ao ano 200 d.C. a Igreja usava oficialmente os quatro evangelhos e não outros, embora circulassem lendas fantasiosas sobre Jesus escritos de outros líderes cristãos que sucederam aos apóstolos (os chamados Apócrifos). A grande tradição da igreja aceitou claramente só os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João como autoridade sobre a vida e os ensinamentos de Jesus. Por aquela época também as cartas de Paulo já tinham aceitação geral, como escritos que tinham importância igual à dos evangelhos.
Outros livros neotestaméntarios só foram universalmente aceitos mais tarde. O Apocalipse, por exemplo, certamente era lido no século II, mas só alcançou plena circulação no fim do século III. A carta aos Hebreus era lida pelos fins do século I, mas levou muito tempo para ser aceita nas comunidades ocidentais. Seu reconhecimento na igreja ocidental demorou até o século IV, em parte porque se duvidava que tivesse sido escrita por Paulo e assim com outras cartas como 2° . Pedro, 2° e 3°. João, Tiago e Judas levaram bastante tempo para serem aceitas pela igreja como Escritura Sagrada.
Está claro que nenhum concílio eclesiástico decidiu arbitrariamente que certos livros compunham o Novo Testamento. Ao contrário, no decorrer de certo escritos tinham autoridade clara e legal e consequentemente eram úteis e necessários para o seu crescimento.
ESTRUTURA DOS TEXTOS BÍBLICOS DO NOVO TESTAMENTO
Livros Históricos
Cartas
Apocalíptica
Fonte - Paulus