sábado, 19 de setembro de 2009

Família

O recente Documento de Aparecida consta que “família é um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos e é patrimônio da humanidade inteira. Em nossos países, uma parte importante da população está afetada por difíceis condições de vida que ameaçam diretamente a instituição familiar. Em nossa condição de discípulos e missionários de Jesus Cristo, somos chamados a trabalhar para que esta situação seja transformada e que a família assuma seu ser e sua missão no âmbito da sociedade e da Igreja”. (DAp 451)

A Constituição Apostólica sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Ecumênico Vaticano II, “Gaudim et Spes” (Alegria e esperança), afirma que o bem-estar da pessoa e da sociedade humana está intimamente ligado com uma favorável situação da comunidade conjugal e familiar, porém, alerta aos cristãos sobre questões que a afligem e lhe tiram o brilho desta comunidade de amor: “Porém, a dignidade desta instituição não resplandece em toda parte com igual brilho. Encontra-se obscurecida pela poligamia, pela epidemia do divórcio, pelo chamado amor-livre e outras deformações. Além disso, o amor conjugal é muitas vezes profanado pelo egoísmo, amor ao prazer e por práticas Ilícitas contra a geração.”

Em brevíssimas palavras, aqui está toda a problemática da família no mundo de hoje, situação que no momento está mais agravada por distorções geradas por modelos de família que não se abrem para a vida, situação esta infelizmente legalizada em alguns países.

Bem, entretanto, se fizermos uma nova leitura do livro do Gênesis, vemos com muita clareza que o Criador, no momento que deu gênese ao ser humano, homem e mulher, os fazendo à sua imagem e semelhança, instituiu, também, a família, que reflete a mesma semelhança da família trinitária, pois Deus não é solitário, mas uma família; Pai (Criador), Filho (Redentor), Espírito Santo (Deus amor): “Deus criou o homem à sua imagem, criou-os à imagem de Deus; ele os criou homem e mulher”I (Gn 1, 27). Abençoando os novos seres que criou Deus, disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e dominai a terra”(Gn, 1,28). Em outra narrativa da criação, aliás, a primeira do livro das origens, o Gênesis, o Criador, uma vez criado o homem à sua imagem e semelhança disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma companheira que lhe corresponda.” (Gn 2, 18). E, criada a mulher, que tem a mesma dignidade do homem, Adão, o pai dos viventes, admirado, exclamou: “Desta vez sim, é osso dos meus ossos e carne de minha carne”! “Ela será chamada ´humana´, porque do homem foi tirada.” “Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá a sua mulher, e eles serão uma só carne.”(Gn, 2, 23).

Pois bem, em sendo a família humana uma instituição de origem divina, com semelhança da família trinitária, ela somente readquirirá a dignidade perdida quando voltar a ser o reflexo da família trinitária, na qual Deus não só é Pai, mas paternidade, Jesus Cristo não é apenas filho, mas filiação e o Espírito Santo, não é somente união, mas unidade.

A família, então hoje, para cumprir sua missão de promotora do bem-estar do ser humano terá que cada vez mais ser poço de paternidade, berço da filiação e comunidade de amor.

É bom relembrar o compromisso solene do casamento cristão, que sempre é proclamado pelos noivos perante a comunidade eclesial: “Recebo-te por minha (por meu) esposa (esposo) e te prometo ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias de minha vida.”

Vê-se, pois, que o vínculo matrimonial que nasce do amor recíproco se exprime por esse juramento conjugal, que começa e se realiza diante da infinita majestade de Deus por aquele mesmo amor com que o Pai nos amou no seu Filho, Jesus Cristo, e nos santifica pelo Espírito desse Amor, que é o Espírito Santo.

“Os esposos participam da função redentora de Cristo ao assumirem integralmente, por vocação divina, a finalidade para a qual o matrimonio foi instituído. Cada união nasce pelo pacto entre um casal, mas com um conteúdo divinamente estabelecido, a unidade e a indissolubilidade, ordenado à procriação da prole.” (Alocução de João Paulo II, aos fieis da Arquidiocese de Campo Grande, quando de sua visita ao Brasil).

Sejam oportunas pequenas reflexões sobre a família, remetendo o leitor cristão para duas passagens lindíssimas da Sagrada Escritura: A primeira do Livro de Tobias, quando este, após ter aceitado Sara como sua esposa, rezou a Deus e terminou sua oração desta forma: “Agora, não é por luxúria que me caso com essa minha irmã, mas com reta intenção. Tem misericórdia de mim e dela, e que possamos chegar, ambos, a uma ditosa velhice.” (Tobias. 8,7). A segunda vem do Livro de Rute, mulher maobita, Nora de Noemi, de cuja descendência nasceu David, o grande rei de Israel: “Booz casou-se com Rute, tornando-a sua esposa. Eles se uniram e, com a graça do Senhor, ela ficou grávida e deu à luz um filho. As mulheres disseram a Noemi: “Bendito seja o Senhor, que hoje não te deixou sem redentor e preservou o nome de tua família em Israel. Que ele venha restaurar a tua vida, sustentar-te na velhice, pois nasceu de tua nora, que te ama e para ti está sendo melhor que sete filhos.” (Rute, 4, 14 e 14).

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